5.6.07

Desmortos

Quando eu comecei a ler - por algum motivo - romances de fantasia, lá pelos meus quinze, dezesseis anos (porque até então era só FC hard na cabeça), eu notei uma inconsistência berrante nas traduções para o português - especificamente, a tradução do termo inglês undead como sendo "morto-vivo" ou "zumbi". Ora, morto-vivo é living dead, e zumbi é simplesmente zombie. Simples. E o undead, deveria ser desmorto - o que pouquíssimos tradutores grafam.

"Sim, Petras, mas o que danado isso tem a ver com esse blog?"

Bom, não é difícil de ver como a situação relativa às atualizações no blog está no mínimo, precária. Assim, eu resolvi declarar este Blog desmorto: nem vivo, nem funéreo.

Como o gato de Schrödinger.

Pelo menos até eu terminar a minha monografia ou Thales começar a digitar minhas memórias - o que vier primeiro.

15.2.07

Como eu dizia...

...quando fui tão brusca e rudemente interrompido - quando a vida lhe dá limões, desenvolva um processo de energia alternativa em moto-contínuo que é baseado na proteína única do suco de limão como combustível de um nanomotor.

Simples.

Não, na verdade não é tão simples. Aprendi que processos como a paternidade e dixar de fumar realmente afetam seu comportamento, e podem estar associados a memes de hipercontexto cultural - efetivamente, reprogramação comportamental. Por que para um ser humano amar profundamente outro que é gordo, pançudo, banguela, careca e que quando não está dormindo, está chorando para que lhe dêem comida ou troquem sua roupa suja (sim, ele faz diretamente na roupa), só pode ser por algum meio profundamente alterador da psique humana.

Já notaram como os filhotes - seja de que espécie for - são sempre bonitinhos, com grandes olhos brilhantes e proporções corporais engraçadas? Não, isso não se dá pela necessidade imperativa de caber em um ovo, ventre, bolsa marsupial ou seja lá o processo gestativo aludido - eles são daquele jeito para que nós, pais, os achemos tão bonitinhos que se torna impossível matá-los quando eles têm uma crise de cólica às três da manhã, quando você ainda nem sequer começou a ficar de ressaca das últimas dez noites mal-dormidas.

Sim, ser pai é algo fantástico e maravilhoso. Eu deveria acrescentar também as palavras assustador, nauseante e incitador de suicídio (ou de homicídio, mas isso também já depende da criança).

"Meus deus!" deverá pensar o leitor incauto, "o que este homem está fazendo na posição de pai? Ele deveria é estar no inferno, fazendo companhia a Jonathan Swift no mais profundo nível daqueles que execram a santa atividade que é ser pai."

Nada mais errado, caro (e incauto, não esqueçamos) leitor. Só gostaria de desmistificar algumas noções incorretas sobre a paternidade. Sim, os bebês são algo lindo e maravilhoso de se ver e de se ter, mas eles dão um trabalho miserável, e você precisa suar sete camisas por dia para poder cuidar de um (e isso sem falar no processo de fazer um. No meu caso, foram umas duzentas e dez camisas. Façam as contas, seus preguiçosos!).

E antes que alguém pegue tochas e forcados enquanto se dirige à minha residência, eu devo reiterar o propósito deste post: a percepção de que crianças - filhos, especificamente - são algo extremamente difícil de cuidar e fazer evoluir para forma de um adulto decente e sociável, aquele tipo de pessoa com quem você gostaria de ir ao cinema num sábado à tarde.

Mas você nem sente.

Tudo o que você percebe é uma tranquila euforia enquanto troca fraldas, dá a mamadeira, segura no braços durante aquela hora e meia de cólica e banha seu gracioso e delicado traseirinho devidamente recoberto do mais puro cocô (digno de um adulto frequentador de rodízios de feijoada). E se o desgraçado ri para você, nem que seja por meio segundo - ou mesmo se você achar que ele riu -, é uma explosão de serotonina tão grande que é capaz de deixar o pai ou mãe cegos de pura felicidade. E eu digo cego tanto no sentido figurado quanto literal.

Então apois: quase dois anos desde o último post, eu declaro este weblog ressuscitado.