Há uma semana atrás (ou talvez menos - a memória é uma daquelas coisa com prazo de validade incerto), eu e Thati fomos assistir Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban, que a princípio pode parecer uma versão Tim Hunter de Carandirú, mas não é. Divertido, e um bocado mais sombrio do que os dois anteriores - embora pareça que os produtores não tivessem se decidido se o filme seria inteiramente infantil ou não -, sua maior virtude foi ter me feito perder a sessão das 17:00h, esgotada até a máxima acepção do termo, e obrigado-me a assistir a das 19:45h.
Até aí tudo bem. Tive tempo de tomar um capuccino e comprar uns livros na A.S. Bookshop & Coffeeshop Inc., Minha surpresa foi, unicamente, encontrar Gabriel, D. Jô, Yuri e Henrique no Praia Shopping durante o mesmo horário. Surpresa, pois achávamos que iam na sessão anterior. Bom, para reduzir o imbroglio, o Gabriel fez a misaelada de atrasar-se e fazer todos perderem a sessão das 19:45h e todas as outras depois dela, pois já estavam esgotadas. E olha que era na única sala com versão legendada.
Posso até imaginar os pais cansados, com a paciência por um fio, contemplando o horror de não encontrar sessões dubladas para seus insuportáveis bebês chorões estilo "eu quero e eu quero agora" pedindo para ler as legendas. felizmente, não houve nenhum na nossa sessão. Só um par de projetos de nerd citando os nomes completos dos personagens principais e secundários à medida em que apareciam e comentando as discrepâncias do filme para com o livro que lhe deu origem. Deve haver algo que leve um homem mais facilmente e rapidamente ao infanticídio, mas francamente, eu não me importo em saber o que é. Pena que o Código de proteção à criança e ao adolescente tenha tão poucas brechas legais.
Enfim: isso não foi importante. O importante foi no feriado de quinta-feira, Corpus Christi, um feriado interessantíssimo, em especial pelo fato de que é um feriado cristão, católico e que afeta todos os brasileiros, sejam ou não cristãos e/ou católicos. Curioso, né? Mas novamente, enfim: nos reunimos quase todos, Eduardo, Denise, duas amigas da Denise (eu suponho), Java - também conhecido pelo apelido de Henrique, Yuri, o nosso saudoso Pablo - que apesar do saudoso, ainda não morreu, Neílson - o nosso bom e velho colega (e que eu cito em especial aqui, pois ele andou reclamando de não ter sido citado em um post anterior, de natureza extremamente saudosista. Pronto, está satisfeito? Gastei uns bons bytes com você). Ah, sim: Gabriel e D. Jô estavam também em nossa companhia.
Muito embora o parágrafo anterior pareça texto de J. Epifânio (alguém aí ainda se lembra?), eu gostaria de ressaltar que desejo veementemente jamais ver uma briga de casal entre Gabriel e D. Jô. porque quando um casal de amigos briga, você pode simplesmente virar o rosto de lado, e cantarolar a marcha eslava de Mozart, fingindo que nada está acontecendo. Mas quando o casal em questão é formado por faixas-preta de Aikido, Jiu-Jitsu, Kendo, Boxe Tailandês e Porrinha Coreana (não pergunte e eu não explico), isso não basta. É necessário se afastar umas boas dezenas de metros para evitar qualquer golpe perdido ou movimento marcial mais amplo, que geralmente é de natureza letal. Ora, se minha bem-amada Thatiane, sem nenhum treinamento formal em artes marciais, pode fazer daquela panela de pressão inox de 15 litros que eu lhe dei de presente no dia dos namorados, uma poderosa e letal (e também elegante) arma de curto e médio alcance, que dirá os saleiros, repositórios de maionese e ketchup e posrta-guardanapos da lanchonete onde estávamos. Enfim, é coisa de envergonhar coreógrafo de Matrix.
Mas não era disso que eu queria falar. Depois de assustadoramente termos encontrado o bom e velho Leandro (saindo do nada como um fantasma - e a metáfora não poderia ser melhor usada) e sua (suposta) namorada (que, surpreendentemente, já foi minha aluna), nós nos separamos, e eu fiquei com a inglória tarefa de dar carona a Pablo, Neílson, Henrique e Yuri.
Imaginem: tem três gordos (eu, Thati e Java), um quase-magro (yuri tem que engordar dezoito quilos para ser magro), um sei-lá-quase-gordo, que é o Neílson e o Pablo, que é o Pablo. Todos tentando caber dentro de um Uno, que é uma versão Big Mac do Fiat 147, pesadelo de proprietários e alegria da assistência técnica autorizada. Para tornar as coisa mais simples, alguém teve que ir no colo de alguém durante o percurso até a parada de ônibus mais próxima, onde eu despejaria Neílson, Pablo e Yuri. Chegando no local, depois de muita balbúrdia, os três descem, e Neílson decide que seria melhor se eu o deixasse um pouco mais adiante.
O imbecil aqui aceita, e todos voltam ao carro (cedeu pra um, cede pra todos), o que rendeu alguns minutos de riso incontido (histérico, vale lembrar), e novo esforço de caber aquele magote de formas de vida (recuso-me a chamá-los de gente) no banco de trás.
Concluindo: deixei quase todo mundo em casa, meus pneus sofreram um avanço na sua calvície e a suspensão jamais será a mesma. Mas foi divertido - tanto quanto saber que você tem um tumor maligno inoperável no cérebro, no mesmo dia em que encontrou sua esposa e seu melhor amigo praticando o doce esporte nacional (não, não é futebol) na mesma cama onde seus filhos foram concebidos (e aí você começa a se perguntar se são seus mesmo, ou se a semelhança deles com o padeiro, o leiteiro, o entregador de pizza e o moço da Sky é realmente mera coincidência).
A única coisa boa disso tudo é que eu peguei os 100 CDs do Pablo com trocentos animes para gravar e selecionar na tranquilidade do lar.
Alguma coisa tinha que dar certo.
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