8.5.04

La vita é bella

Mais notícias, mais novidades e quase todas boas.

Thatiane começou a se adaptar à dieta líquida-pastosa (não está mais naquele processo de entrou-saiu), bem-humorada, confortável e tranquila, especialmente depois que o anestesista passou por lá hoje de manhã e explicou bonitinho os procedimentos pré e pós-operatórios, além de umas informações extras.

A causa da pancreatite foi um cálculo que se alojou na vesícula, bloqueando a emissão de fluidos do pâncreas, o que imediatamente paralisou quase por completo o sistema digestivo (em especial, os intestinos - Nessa, me corrija onde for o caso). O cálculo (pequenino mas ordinário) já deve ter sido expelido, segundo o anestesista, ou se encontra em outro lugar menos desconfortável. Na cirurgia, daqui a dois meses, eles farão uma pequena incisão, por onde entrará o laparoscópio com câmera, sonda, dreno e o que mais precisar. Poucos pontos, 30-40 minutos de tempo total - da anestesia ao final da cirurgia - e em 24 horas ela estará de volta para casa.

Caso seja preciso fazer algo mais que drenar o abcesso (como retirá-lo, ou retirar TAMBÉM o cálculo), eles terão que enfiar a faca com gosto e aí ela precisará de um tempo maior de recuperação. Mas segundo o anestesista, isso dificilmente será necessário.

Passei a noite de ontem e a manhã de hoje no hospital, e devo dizer que agora ela dorme bem (a noite toda), quase sem febre e consegue beber de tudo e comer de (quase) tudo. Apesar daquela canja de sei-lá-o-quê só ser atraente para quem não deixa passar nem resto de feijoada mineira com angu, farinha e batata-doce. COm salada de repolho e maionese como guarnição.

Contudo, sua alta só sairá após a confirmação da adaptação à dieta pastosa, o que levará ainda mais alguns dias, além do controle de antibióticos. Provavelmente lá pela quarta ou sexta.

A vida não é bela?

(que alívio!!!)

7.5.04

UnP Adventures, Part I - Fantasmas da Oitava Série

E pra não dizer que tudo são problemas, por outro lado, as coisas vão muito bem na minha vida acadêmica. Ajuda a amenizar os problemas médicos recentes.

A Unp (até agora, e para minha surpresa) é extremamente eficiente e organizada. Não faziam vinte e quatro horas que entreguei as ementas das disciplinas que já havia pago na UFRN, e eles já me entregaram a confirmação de aproveitamento das mesmas, incluindo o reajuste do pagamento de mensalidades, visto que algumas disciplinas eu já - para efeitos acadêmicos - cumpri na UnP. Nada mal, nada mal.

O layout do campus é meio confuso, embora compacto, mas eu já estou me acostumando. As carteiras são (surpresa!) acolchoadas, coisa que eu não imaginava existir, as salas têm ar-condicionado (E que funcionam!) e os professores começam e terminam as aulas no horário correto.

Se não fossem as mensalidades salgadas, seria o paraíso.

O maior problema (tá, não chega a ser um problema, é só um incômodo) vem da turma. São quase quinze anos de diferença.

"E qual é o problema", vocês me perguntariam.

"Parece a pôrra da oitava série", eu responderia.

É isso mesmo. Voltei a uma sala de aula da oitava série, com todo mundo berrando, rindo e correndo pela sala na pausa para respirar que os professores fazem entre um berro e outro. Chato, mas tudo bem. Nada que um atropleamento seletivo não cure.

E tem aquelas figuras clássicas: uma garota que tem TODO o material escolar com o tema da Barbie (cadernos, lápis, bloco de notas, fichário, e Deus me ajude, as roupas também!); os playboys jiu-juteiros de lenço na cabeça com roupas da BadBosta; as patricinhas afetadas cuja maior preocupação é se uma aula de Metodologia Científica combina melhor com o tubinho preto de alcinhas ou com aquele conjuntinho amarelo lindo de morrer que ela usou na festa da Ritinha; e aquele bando de escrotões não-tou-nem-aí que buscam todas as frestas possíveis para armar uma palhaçada na sala de aula e conquistar para si o título supremo de Escroto-Mor de toda a UnP e Adjacências.

É duro. E nem um copo de conhaque por perto pra ajudar.

Algumas coisas se salvam. Uma colega de turma da época na UFRN, Luciana Celestino, com um mestrado em antropologia nas costas, agora é professora de lá (levou um susto daqueles quando me viu na sala). Encontrei três ex-colegas de trabalho, Lívia Patrícia, Rodrigo e Ariama, que terminam seus cursos de Publicidade, e alguns doutores da UFRN (que conheci na época em que frequentava a base de pesquisa em Estudos da Complexidade, na UFRN, quando eles eram meros mestres) que complementam seus salários públicos com a graninha miúda da UnP.

Acho que o mais legal disso tudo é voltar a estudar de uma forma mais rotineira. Eu sentia falta disso, dessa discussão diária, leituras agendadas, produção de pesquisas, trabalhos e relatórios. É uma merda, bem sei, mas eu realmente gosto de estudar. Acho que é uma das coisas que mais fez falta na minha vida desde que deixei a UFRN e abandonei meus sonhos de vida acadêmica pela metade.

Mas sabe de uma coisa? Nunca é tarde (certo, se eu tivesse noventa e cinco anos, Mal de Alzheimer, Parkinson, Diabetes Melitus, cinco safenas e catarata inoperável nos dois olhos seria tarde, mas também assim é dose!). Vou terminar minha graduação, entrar num mestrado, um doutorado, especialização, pós-doutorado, o escambau a quatro.

Me aguardem.

Gracias a la vida

A situação está melhorando, e bem mais que os prognósticos mais otimistas.

A taxa de leucócitos, que andava na faixa dos 28.000 (muito elevada), desceu ontem para 24.000, e hoje, para 20.000. O médico está satisfeito, minha sogra está satisfeita, minha mãe está satisfeita, eu estou satisfeito, e que diabos, até a mulher da cama ao lado está satisfeita.

E olhe que ela (não Thatiane, a mulher da cama ao lado) tem as pernas necrosadas por uma nefasta diabetes.

A febre já não é mais uma ameaça, ficando numa irritante mas inócua temperatura de 37,3 graus. Ela já passou para dieta líquida e pastosa (vitaminas, sucos, canjas e sopas), que embora pareça apetitosa, continua sendo comida de hospital. Isso, combinado com quase uma semana de dieta zero, faz a absorção difícil. Mas ela chega lá.

Thati deve receber alta no domingo, e ficará na casa de sua mãe, de forma a ter sempre alguém por perto até a cirurgia, daqui a dois meses e vários quilos a menos. Embora vá continuar com o tratamento de antibióticos, fará isso de casa, o que é um alivio para todo mundo.

Falta só saber a origem. O mais comum é o (creio) vírus da hepatite B ou C (tem D ou E?) ou mesmo alcoolismo. Como a taxa de beberragem de Thatiane é tão próxima de zero quanto possível, fica difícil esta última opção. A menos que minhas cachaças possam passar pra ela por osmose. Enfim.

Foi muito fortuita a visita de Java, Dudu e Denise na tarde de hoje - Thati divertiu-se bastante, em especial com os comentários de Eduardo sobre a qualidade de vida hospitalar. Seu humor estava muito elevado quando fui vê-la à noite. Java e Dudu, podem contar com mais vinte pontos de personagem na próxima sessão de jogo. Misael pode ficar com cinco, já que ele só foi lá uma vez, no primeiro dia. Se Simone jogasse, já teria uns cento e cinquenta, já que a coitada está fazendo o plantão diário pela manhã. Valeu também a visita de Dani e Mallen, embora tenham pego Thati no horário em que estava dopada de analgésicos.

Ao resto do pessoal, agradeço pela força (de todos), pela presença (para quem pôde), pela fé (pra quem tem) e todas essas coisas que fazem da nossa amizade algo digno de nota em estudos de relações humanas.

5.5.04

Algo de novo no front...

Bem, primeiro as boas notícias.

 

Bos Notícias

Thatiane retirou a sonda estomacal hoje, já que a quantidade de suco gástrico (obrigado pela correção, Nessa!) que estava sendo drenada não acusou a presença de fezes (o que seria perigosíssimo) e nem aumentou a quantidade diária. Ela enfim, pôde ficar livre de incômodos maiores e conseguiu dormir a maior parte do dia.

Eu também. Como mamãe foi cobrir o meu "turno", passando a noite e a madrugada de hoje no hospital, eu pude resolver meus problemas e até dormir. Fez-me bem. Depois de doze horas seguidas de sono recuperador, regenerador e retroativo, eu acordei achando a vida até mais bonita. Com pancreatite e tudo.

Uma boa nova final é que eu finalmente estou dentro da UnP (não, eu não invadi o lugar). Hoje tive minha primeira aula. Na verdade, deveria ser ontem, mas teve um probleminha, que é parte das...

 

Más Notícias

Ontem, quando eu estava para entrar na minha primeira aula de Jornalismo, na UnP, o telefone toca. Era minha sogra. Não consegui entender nada do que ela dizia, mas como ela não conseguia ser entendida por não parar de chorar, achei melhor ir direto para o hospital.

Realmente, a coisa não era muito boa, mas nem tanto assim.

O médico, em face dos últimos exames (incluindo uma ultra-sonografia e um CAT-Scan - tomografia para os leigos em medicina), informou que ela possuía um abcesso, que - combinado com o constante estado febril, elevado número de leucócitos e de peso - poderia levar a um óbito, se não for tratado muito cuidadosamente. Ela está recebendo um coquetel pesado de analgésicos, antitérmicos e antibióticos, para controlar a febre e a inflamação, e pronta para ser levada à UTI se a situação piorar, para daí passar a uma cirurgia de emergência (e de risco razoável).

Se o tratamento surtir efeito, ela recebe alta (provavelmente no começo da próxima semana), vai para casa e mantém um tratamento e dieta arrochados, para aí então, livre do pior da inflamação pancreática, fazer a cirurgia de remoção do abcesso com absoluta segurança.

Então, de uma maneira ou de outra, ela vai ter que entrar na faca, que pode ser de risco (se for agora) ou de uma maneira mais tranquila e segura (após o tratamento).

 

Notícias Mais ou Menos

Apesar das más notícias, os prognósticos são bons. Embora ela tenha febre constante, ela se mantém baixa (37 - 37,7 graus), as dores reduziram-se bastante (as principais são de passar a maior parte do tempo deitada) e apesar de ainda estar em dieta zero (o maior pesadelo de um gordo), está bem alimentada e hidratada. Até o humor melhorou, depois de tirar a sonda estomacal.

Então: agradecemos a todos os amigos que visitam, telefonam, mandam e-mail, etc., essas coisas, as apreciações de carinho, cuidado e todas essas coisas que sentimos pelas pessoas que chamamos de amigos (ou mesmo colegas).

Obrigado mesmo.

3.5.04

Doença na família

Gente, são dez horas da manhã de segunda-feira e eu estou parando pela primeira vez na frente de um computador desde sábado. Aliás, desde sábado, é a primeira vez em que eu estou parando.

Bom, pra quem ainda não sabe, minha dileta e amada companheira, cara-metade e amada-amante - Thatiane -, foi internada às pressas na tarde deste sábado último com intensas dores abdominais, que foram logo diagnosticadas como Pancreatite Aguda. Dois exames de sangue e uma ultra-sonografia depois, a confirmação foi definitiva e ela começou o tratamento.

Infelizmente, como ela tem uma intensa alergia a vários tipos de componentes de analgésicos mais potentes, com o AS, ela fica limitada a receber tratamento contra dor baseado em compostos como o paracetamol e similares (que, eu devo acrescentar, são BEM menos efetivos).

E já que a inflamação causada pela pancreatite não foi das menores, a ação dos analgésicos foi bloqueada por um longo tempo, até que os antibióticos começassem a fazer efeito e permitissem a ação dos supracitados medicamentos.

No total, foram dezesseis horas de dor intensa: das 18:00h do sábado às 10:00h do domingo. Ou seja, nada de sono e nada de descanso. Em compensação, ela passou a maior parte da tarde e da noite do domingo dormindo, bem mais aliviada.

Houve uma provação nova no domingo, que foi a colocação de uma sonda estomacal - um impressionante feito de tortura médica que consiste em inserir um tubo plástico pelo nariz até o estômago, drenando seu conteúdo (suco biliar concentrado) para uma bolsa plástica, reduzindo as chances de gastrite e - sabe Deus! - úlcera. Levamos também em conta o fato de que ela é pré-diabética e está de dieta zero: nem água! Qualquer aumento de acidez no estômago faria um estrago só comparável (a nível de dor) à própria pancreatite.

Apesar de todo o desconforto causado pela sonda, alimentação intravenosa, monitor de pressão, dieta zero (havera coisa pior para um gordo?) e o proórpio fato de ter que ficar uma semana num hospital (coisa que Thati abomina mais que a própria morte), ela reconhece - é bem melhor que a dor constante e incapacitante do sábado para o domingo.

Ela deve manter o tratamento e a internação durante toda a semana, só recebendo alta, provavelmente, na próxima segunda-feira.

Agradecemos antecipadamente os telefonemas e mensagens e envios de pronta recuperação dos amigos, companheiros, colegas e associados, mesmo os que não tiveram a oportunidade de fazer uma visita (o que é perfeitamente compreensível - um hospital não é exatamente um lugar dos ais agradáveis, e nem todos têm tempo disponível ultimamente).

Ah, e posts, esta semana, só quando eu voltar a dormir, coisa que não faço desde sexta-feira à noite.