19.3.04

Bem-vinda, Heleninha!

Muito embora seja uma notícia velha (já tem quase uma semana), eu gostaria de avisar a todos que minha sobrinha (chamada miticamente de Helena), filha de meu irmão, Pablo (não, não é é o de Brasília. Apesar dele também ser um advogado-em-treinamento) e de sua atual esposa, Ana Cláudia. Hmmm... Esquece o "atual". Dá a impressão de que ela não dura nem seis meses. Não é o caso.

Pois bem - a pequenina nasceu com uns bons três quilos e quinhentas gramas, loura de dar dó, com as sobrancelhas quase invisíveis. Infelizmente, ela também contraiu um vírus meio escroto (provavelmente gripe), que a mantém no hospital há cerca de uma semana, sob antibióticos e muita atenção.

Embora não esteja correndo riscos, os pais (obviamente) só faltam colocar um dragão pela boca de tão estressados. Felizmente, ela deve receber alta até segunda-feira que vem.

Por hoje é só.

O retorno final da vingança dura de morrer assassina - a missão

Este post, bem como provavelmente os conseguintes, serão enviados de outras máquinas. A minha, como vocês devem muito bem imaginar, está sendo lentamente consumida por um vírus tão safado, escroto e anticonstitucional que nenhum anti-vírus conhecido pelo homem é capaz de localizá-lo, destruí-lo ou sequer pedir para ele que não seja tão mau e sacana.

Já instalei todas as atualizações do Windows XP relacionadas ao quesito segurança, já rodei três (minto: quatro) anti-vírus diferentes, usei "vacinas" específicas para as classes Win.32 de vírus Worm...

E Nada.

Nada parece adiantar. E agora, embora eu possa usar o computador normalmente (apesar de eu não me atrever a rodar nada mais pesado que o Word), o acesso à Internet é impossível. Assim, não esperem muitas atualizações, pelo menos até eu ter coragem e/ou saco o suficiente para formatar o HD e reinstalar tudo de novo.

Só avisando...

16.3.04

E agora, nossos patrocinadores...

...mas antes, eu gostaria de suavizar o tom um quanto ou tanto severo e - talvez senil - do post anterior, com um pequeno e velho poema, que dedico ao único mineiro entre nós (será?)

 

Primavera em Minas

No meu jardim só cresce grama.
Nada de flores,
nem de plantas de ornamento.
Até a trepadeira desistiu
e foi subir o muro de outro jardim.

No meu jardim só cresce grama.
As rosas dos vasinhos murcharam todas.
Os cravos, os jacintos...
Os gerânios também.
E o adubo jaz mofado num canto qualquer.

No meu jardim só cresce grama.
É aquela monotonia besta,
o quadradão verde, indeciso...
Umas formiguinhas passeando.
Uma calma...
Uma paz que chega dá sono.

No meu jardim só cresce grama.
Cadê o trabalho de cuidar?
Aquela paz que dá sono...
O adubo cochilando num canto qualquer
e as formigas fazendo o mesmo
— e eu que nunca vi formiga cochilar.

Só no meu jardim.

No meu jardim só cresce grama.

 

Por incrível que pareça, o despretensioso poema acima (já de alguma idade) foi agraciado com alguma premiação em um encontro de estudantes no Rio de Janeiro. Só carioca mesmo para ter esse mal-gosto (desculpe, Vanessa!).

Há algo de podre...

...e não é meu balde de roupa suja, e muito menos na Dinamarca. Mal começa o ano, eu consigo um carro novo (bem - mais novo que o anterior, pelo menos), tomo essa decisão idiota e reprovável de parar de fumar (desculpem: é o que resta de nicotina em meu corpo falando por mim), invento de voltar à universidade (só que vai ser na UnP, vejam só!), e Mallen, sim, Mallen, atualiza o seu blog. Ora, eu já dava ele mais por perdido que o do Ricardo Pinto, que já não é atualizado desde a época em que os dinossauros eram comida de Chtulhu.

Acho que é esse desejo incontrolável de ano novo, vida nova, combinado com a esperança de que as coisas mudem pra melhor, ou que pelo menos, elas parem de mudar para pior.

Eu não deveria dizer pior, mas.. vejamos: eu estou há três anos fazendo um monte de trabalhos extremamente mal-pagos (explorado, teu nome é Petras), motando websites complexos e trabalhosos para gente que acha que eu só necessito ser pago uma vez a cada dois meses (dois meses sim, dois meses não) e quebrando a cara nos anúncios de concurso federais só porque eu não tenho aquele maldito rolinho de papel dizendo que eu fui graduado nisso ou naquilo. Francamente!

Com vista a sanar estes aborrecimentos de nível cósmico (pelo menos na escala Lee-Parker), eu resolvi me tornar um filho da puta (perdoe-me, mamãe) de marca maior e mandar todo e qualquer $#%&! que inventar de ficar no meu caminho para o sucesso, grana e mulh... não, espere, eu já sou casado. Ora, a maior parte dos empenhos diários de meus esforços incessantes em direção à auto-iluminação, ao conhecimento profundo da natureza da realidade e à elevação espiritual, física, moral e cognitiva têm sido dilapiados pela minha atitude de baixar a cabeça diante dos maiores obstáculos, achando que são um fardo que é melhor carregar com orgulho e consignação.

Bem, dane-se o orgulho e às favas com a consignação. Especialmente, chega de carregar fardos dos outros - os meus já são pesados o bastante, muito obrigado.

Eu sei o que vocês devem estar pensando: "oh, meus deeeeeeus! Petras está tendo um colaaaapso nervooooso! Alguém segure essa louca!" Bem, meninos, meninas e outrem, o negócio é mais embaixo. Já tive minha cota de engolir sapos (estando a lagoa da consciência atualmente transbordando de incessantes coaxares), de... Bom, menos analogias, certo? O fato é que realmente, mas realmente, depois de 33 aninhos de perenes esforços, a gente percebe que não está indo muito longe - e tudo por causa dessa mania desesperada (e desesperançosa) de achar que todas as vontades e necessidades do mundo ao meu redor são eminentemente superiores às minhas.

É como muito bem disse o velho bardo, na voz do príncipe da Dinamarca: "Eu poderia estar preso em uma casca de noz e considerar-me senhor de um vasto espaço - não fossem meus pesadelos." Sendo assim, senhoras e senhores, aqui me despeço nestas não muito breves palavras deste estilo de vida canceroso e carcerário, deixando os grilhões escorregarem para o chão - mas não sem algum rufar de tambores. E me lembro das palavras de outro bardo, cujo nome não me recordo, mas cujas palavras não consigo esquecer:

 

Credo

Não encontro meu caminho: não existe estrela
nos céus encobertos acima,
e não há um único sussurro no ar,
exceto um tão distante
que ouço como um arranjo de antiga
e perdida música, regido por dedos de anjo e fada.

Folhas mortas cobrem onde não houve rosas jamais.

Não há brilho, sequer chamado,
para quem aceita — mesmo quando teme
o negro e terrível caos da noite,
e através disto tudo — acima, sobre, além
eu vejo a mensagem vinda dos anos,
eu sinto a chegada da luz.

 

Obrigado e boa noite.