...mas antes, eu gostaria de suavizar o tom um quanto ou tanto severo e - talvez senil - do post anterior, com um pequeno e velho poema, que dedico ao único mineiro entre nós (será?)
Primavera em Minas
No meu jardim só cresce grama.
Nada de flores,
nem de plantas de ornamento.
Até a trepadeira desistiu
e foi subir o muro de outro jardim.
No meu jardim só cresce grama.
As rosas dos vasinhos murcharam todas.
Os cravos, os jacintos...
Os gerânios também.
E o adubo jaz mofado num canto qualquer.
No meu jardim só cresce grama.
É aquela monotonia besta,
o quadradão verde, indeciso...
Umas formiguinhas passeando.
Uma calma...
Uma paz que chega dá sono.
No meu jardim só cresce grama.
Cadê o trabalho de cuidar?
Aquela paz que dá sono...
O adubo cochilando num canto qualquer
e as formigas fazendo o mesmo
— e eu que nunca vi formiga cochilar.
Só no meu jardim.
No meu jardim só cresce grama.
Por incrível que pareça, o despretensioso poema acima (já de alguma idade) foi agraciado com alguma premiação em um encontro de estudantes no Rio de Janeiro. Só carioca mesmo para ter esse mal-gosto (desculpe, Vanessa!).
Nenhum comentário:
Postar um comentário