Deve existir um santo padroeiro, protetor dos nerds.
Não um daqueles especializados, que só atende promessas milagrosas de phreakers, geeks ou crackers, mas como um bom santo de nerd, que seja multi-tarefa, pau-pra-toda-obra, mais quebrador de galho que primata superior obeso.
Tem que existir.
Já notei que fico meio espiritualista, quase religioso, quando a coisa aperta e o botão de auto-destruição parece piscar à minha frente, enquanto eu sonho com um atalho de undo no algoritmo da minha realidade privada. Sábado passado foi um desses dias.
Ainda terminando o trabalho do CD (que só foi concluído lá por volta da última hora MESMO, e refeito às pressas doze horas antes do lançamento), em plena madrugada, achando que talvez desse tempo de fazer com que aquele desastre gráfico total não fosse tão completo, minha placa-mãe resolve que já havia cumprido sua missão na terra e se vai - não com um estrondo, mas com um suspiro.
Resultado: madrugada perdida. Uma manhã seguinte empurrando borrachudos na loja mais próxima de informática depois, eu estou de máquina nova. Nada demais: um Athlon 2200+ com 512Mb DDR de RAM e um mouse ótico (quase que é sem fio). O resto é o mesmo. Ah, e um par de caixinhas de som de R$ 16,00. Bela bosta. Pelo menos dá pra trabalhar direito no resto do sábado e no domingo, certo? Errado. A loja (no caso, a Miranda Informática) não tinha metade da memória em estoque (em dois pentes de 256Mb) e só me entregou na segunda-feira, lá pelas 14:00h, depois de muita insistência e choradeira.
Poucas vezes eu senti um alívio tão grande quanto o de concluir este trabalho. Não porque ele seja financeiramente compensador, ou porque ele tenha sido intelectual e criativamente estimulante - nada disso. É principalmente porque ele COZINHOU minha paciência em fogo brando por quase dois meses.
O único saldo positivo dessa catástrofe foi o surgimento de alguns contatos que podem gerar futuros serviços, e... Rapaz, não me vem mais nada à cabeça. Eu poderia dizer que o melhor foi que ele terminou, mas aí é como quebrar o dedo pra esquecer a dor de cabeça.
Ou seja, inviável como alívio filosófico.
Isso tudo me levou a reavaliar minhas escolhas profissionais, da mesma forma que um judeu que se descobre em Auschwitz se descobre subitamente reflexivo sobre a infalibilidade de sua religião. Será que eu estou na área certa? deveria largar essa porcaria de design para sempre e procurar trabalho como pizzaiolo ou vereador? Dúvidas, dúvidas...
Enquanto as decisões não chegam, a vida continua e eu tenho mais uma pilha de livros sobre comunicação para devorar. Pelo menos eu gosto do que faço.
O que não é grande coisa para se dizer ao banco quando um cheque sem fundos bate na conta - mas enfim.
Nenhum comentário:
Postar um comentário