16.8.04

Domingo in concert

Pois é: neste domingo, ao invés de descansar, trabalhar um pouquinho, estudar, ou fazer fosse lá o que fosse (até catar piolho em cabeça de careca servia), eu resolvi acompanhar minha esposa e uma amiga a um show imperdível, coisa que só se vê uma vez na vida: algo assim como a morte, em qualquer sentido que você possa imaginar.

É melhor eu deixar de enrolar e abrir logo o jogo: eu fui para o maldito espetáculo (se é que se pode usar a palavra) Marina Elali e Convidados. Pior não poderia ser. Ou melhor, até poderia, mas pesadelos eu já tenho sem nem procurar por eles, então vamos deixar assim.

Chegamos no Machadinho às 15:30h para um espetáculo (tenho que encontrar um termo mais adequado para aquela provação espiritual) que só começou às 17:10h e teve seu fim cerca de uma hora e meia depois. Primeiro apresentaram-se alguns convidados, como os sempre presentes e insuportáveis Pedrinho Mendes e Cleudo, acompanhando Isaac Galvão (cuja voz é melhor que todas as outras juntas naquele arremedo de apresentação), Babau, e outros. Nem gosto de lembrar - meu cérebro começa a não pegar nem no tranco. Finalmente chega a estrela-mor, vestida como se fosse 1987, com vestidinho preto, meias da mesma cor e botas de cano longo combinando - com uma jaquetinha vermelho-pink cobrindo a coisa toda. E mullet. Parecia uma cópia malfeita da Gloria Stefan ou da Maddona, se ela tivesse copiado a Janet Jackson em seus primeiros anos de sucesso.

Inaceitável.

Além de não cantar essas coisas todas e de ter a mesma presença de palco de um portador de síndrome de down com epilepsia (ou seja, deprimente e constrangedora), ela faz uma pose de megastar que não é brincadeira, com todas as caras e bocas a que tem direito. Arrematou com um "como uma deusa" com todo gosto, fechando seu número particular, antes de fazer duetos com alguns amigos de Fama.

E aí a coisa ficou engraçada. Ela cantou uma música inédita de seu próximo disco, Mulheres. Tem uma pedaço que é assim: "Mulheres que gostam de batom / Mulheres que gostam de mulheres..."

Aí eu me lembrei daquele papo dela ser - digamos - entendida, ou para os mais simplórios, sapatão. Já eu prefiro o termo lésbica.

E daí, Petras?

E daí nada, uai!

Só que isso foi a coisa mais interessante do bafafá inteiro. Um amigo nosso que estava na mesa, jornalista e também da tchurma dos entendidos, confirmou que da fruta que eu gosto, a menina come até o caroço, e que foi este o motivo para ela ter sido mandada a Boston para terminar seus estudos. Diz-se que a situação teria ficado compllicada, caso ela continuasse aqui. Socialmente, quer dizer: a província é pequena demais para certos bochichos. Atualmente, ela tem um namorado, mas diz-se que o dito cujo também joga no time do Oscar Wilde. Coisa que claro, ninguém confirma nem desconfirma.

Claro, nada disso é da minha conta, mas no meio de um Machadinho lotado de dez mil fãs de Marina Elali aplaudindo cada macaquice no palco, a coisa mais divertida a se fazer era falar mal de quem estava sob os holofotes.

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